EU CURTO SER MÃE: Pequenas crônicas
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quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Dez anos depois...

11:53 0
Dez anos depois...

Todo mundo na onda do #10yearschallegee vou fazer também. 
Na aparência, nem noto drásticas mudanças. Ok que a gente engorda, rugas chegam, o olhar muda. Mas olhando assim, eu poderia dizer que uma foi há uma semana e a outra, hoje. Tô ótima!

No comportamento eu mudei muito. Fiquei dura, mais cética, passei a acreditar menos no ser humano. Perdi muitas das ilusões que tinha. Sofri o diabo nesses dez anos. 

Há dez anos, nem casada eu era. E tinha me formado há pouco como jornalista. Hoje tenho na bagagem muita coisa boa, mas carrego a dor de ter enterrado um filho. Isso muda a gente. 

Também tive muitas alegrias! Vi meu nome assinar reportagens que amei fazer. Conheci pessoas incríveis. Vi minha filha nascer e acompanho seu crescimento. Construí uma família, tenho bens materiais e imateriais. Fiz novos amigos. Novos inimigos. Defini meu rumo profissional. 

Dez anos separam uma foto da outra. Dez anos fizeram uma outra pessoa. Parecida na aparência e completamente diferente nas atitudes. A gente muda 😊

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Família não se abandona

21:41 0
Família não se abandona

Poucos dias após nos casarmos, adotamos Elvis, Raul e Nazaré. Nossa família foi formada com e para eles. Por causa deles, moramos hoje em uma casa espaçosa. Por causa deles, deixamos de viajar quando não há quem cuide. Por causa deles, não recebemos em nosso lar pessoas que não gostem de cachorros. E por aí vai. 
Eles acompanharam minha gravidez do Francisco e sua partida, me cobrindo de amor e uma compreensão que nenhum humano foi capaz. Vibraram com a chegada da Lola. Fizeram o papel de irmãos mais velhos. Lola os amou assim que tomou consciência da presença desses peludinhos.

Raul nos deixou no começo de dezembro. Estamos, desde então, aprendendo a viver sem ele. Que falta nos faz. A todos nós. Elvis e Nazaré ficaram imensamente tristes. Resolvemos levar Elvis, que mais gosta de agito, para viajar conosco. Nazaré é muito medrosa e, além disso, está com um problema no quadril que a fez perder a força das patas traseiras. Mas como deixá-la para trás? Solução! Bota na mochila e carrega!

Tivemos dias de muito prazer para todos. Ela curtiu, do jeito dela. E a lição que fica é que família não se abandona. É um por todos e todos por um! Até o último de nós partir. Lola vai crescer sabendo disso e praticando. Cuidará de mim e do pai na velhice, com o amor que nos viu dedicando aos nossos amores peludos, tenho certeza.

sábado, 17 de novembro de 2018

Privilégios

18:36 0
Privilégios
Eu vivo falando sobre privilégios com a Lola. Explico que ela é uma menina com inúmeras vantagens à frente de outras crianças e que, por isso, deve sempre lutar para mudar essa realidade. 

Sendo uma criança de apenas 4 anos, não espero que ela tenha consciência de tudo por enquanto.  Mas plantei a semente e vou regando.

Outro dia, falei que ia à padaria, que fica ao lado de nossa casa. Comentei que era ótimo poder ir rapidinho, sem precisar de carro ou andar muito. Foi então que ela me surpreendeu:

- mamãe, ter uma padaria do lado de nossa casa é um privilégio, porque nem todo mundo tem. Não é isso?
- sim, minha filha. 
- igual tem criança sem escola ou sem pai e mãe.  
- verdade, Lola.
- então, temos que lutar pra todo mundo ter uma padaria do lado de casa

Hahahahahahaha.
Quase isso, Lola. Mas que bom que você já começou a entender o conceito de se ter privilégios. 

#casosdaLola
#Lola4anos

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Voltando a viver

18:36 0
Voltando a viver



A maternidade amplia o olhar. Passamos a observar aquilo que sempre esteve ali, mas paramos de reparar com a correria do dia a dia. Os filhos nos resgatam da loucura que chamamos de vida. Eles nos permitem um renascimento para tudo aquilo que importa e nos mostram que é preciso desacelerar para que o que é verdadeiramente valioso seja valorizado. Não apresse seu filho enquanto anda pela rua. Permita que ele te mostre o que tem de melhor neste mundo. Folhas caídas, borboletas voando, minúsculas formigas em fila, pássaros comendo migalhas. Há quanto tempo você não se permite olhar para isso? 
Eu voltei a olhar. Minha filha tem me ensinado muito mais do que eu a ela nesses dois anos de convivência. Ao contrário de mim, ela é calma, concentrada e observadora por natureza. Nada escada de seus olhos grandes e curiosos. Ela também não é muito de falar. Prefere ouvir. Eu batalho há muito para ser assim. E chega este ser tão pequenino para me ensinar importantes lições. Os adultos ensinam às crianças convenções sociais, regras, limites de comportamento. As crianças ensinam aos adultos como o ser humano é em sua essência. E aquele que for esperto, aproveitará a infância dos filhos para fazer esse retorno ao que nos é de fato válido. 

terça-feira, 5 de julho de 2016

Amor em expansão

21:15 0
Amor em expansão
Abençoados sejam os caminhos que esses pezinhos pisem. Que seja suave este caminhar, mas com a força necessária para transpor os obstáculos. Que pisem macios gramados, mas saibam ser ágeis diante dos pedregulhos. Que andem quilômetros com firmeza, mas encontrem estradas livres de armadilhas e saibam repousar quando necessário. Que aprendam a andar sozinhos, mas que tenham agradáveis companhias durante o caminhar. Oração da sua mamãe para você, Lola. Amém! 

Pequena oração para Lola

21:13 0
Pequena oração para Lola
Abençoados sejam os caminhos que esses pezinhos pisem. Que seja suave este caminhar, mas com a força necessária para transpor os obstáculos. Que pisem macios gramados, mas saibam ser ágeis diante dos pedregulhos. Que andem quilômetros com firmeza, mas encontrem estradas livres de armadilhas e saibam repousar quando necessário. Que aprendam a andar sozinhos, mas que tenham agradáveis companhias durante o caminhar. Oração da sua mamãe para você, Lola. Amém! 

quarta-feira, 22 de junho de 2016

A vida é tão rara....

17:01 0
A vida é tão rara....
Estávamos indo para a escola, um tanto atrasadas. Eu com meus passos largos e Lola com os seus passinhos miúdos. Ela parou para apreciar um passarinho que comia migalhas. Eu a apressei, puxando sua mãozinha. Ela virou o pescoço, tentando manter o passarinho no seu ângulo de visão. Foi aí que parei. O que muda na minha vida, ou na de qualquer pessoa, cinco minutos? Nada! O ritmo das crianças é diferente. O mundo inteiro é uma grande novidade, repleto de aventuras a serem descobertas. Me sentei na calçada com ela para vermos o passarinho. Logo vieram mais dois, três, quatro pássaros comendo as migalhas rapidamente. Lola dava gritinhos de alegria e meu coração transbordou em um sentimento de gratidão por poder experimentar pelos olhos vivos de minha pequena a maravilha das pequenas coisas.

terça-feira, 3 de maio de 2016

Deixar voar longe dos olhos

22:42 1
Deixar voar longe dos olhos
Outro dia, trocando minha pequena notei um arranhão na perna.  Coisa de criança,  normal.  Mas foi a primeira vez que eu não soube exatamente o que causou aquele machucado.  Senti um aperto no peito.  Não pelo machucado em si, coisa boba de criança, mas por constatar que minha filha vai se machucar muitas vezes longe de meus olhos e buscar consolo de outras formas além do meu colo. Como é difícil deixar voar. 

As dores serão muitas, físicas e emocionais,  e nem sempre eu saberei exatamente o que aconteceu.  Quantas vezes eu mesma, nas crises da adolescência,  preferi me refugiar nas amigas e até mesmo esconder de minha mãe os meus dramas juvenis? Na vida adulta, quantas foram as ocasiões que eu não quis preocupar minha mãe e chorei bem distante dela, muitas vezes sozinha. 

Isso vai acontecer com minha Lola. Ela também vai ter suas dores,  seus segredos doloridos,  suas feridas envergonhadas, sem que eu tome conhecimento....

sexta-feira, 11 de março de 2016

Aprendendo a linguagem

12:25 0
Aprendendo a linguagem
As pessoas têm pressa demais com os pequenos. Já reparou? Querem sempre que andem rápido, falem rápido e, de preferência, estejam mais adiantados que os demais com a mesma idade. Que bobeira.... Cada fase é tão deliciosa e passa tão rápido. Eu não tenho pressa nenhuma. Adoro ouvir ela falando errado, por exemplo Que gostoso decifrar as associações que o bebê faz com imagens e sons. Claro que a gente ensina o nome de tudo, mas eles têm o tempo deles para compreensão e desenvolvimento do vocabulário. Ontem, Lola falou uma nova palavra. Ela, que sempre chamou o sapo de cro-cro (pelo croc croc), soltou um "apo". Aí a gente fica metade feliz e metade nostálgica, porque daqui por diante vai só aperfeiçoando a linguagem, crescendo, aprendendo e deixando pra traz aquele dialeto de bebê.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Eternamente seu colo

18:11 0
Eternamente seu colo
Alguns te acham grande para "ainda" dormir no colo. O "certo" seria te colocar no berço (sozinha em seu quarto, claro), dar boa noite, apagar a luz e só voltar a te ver no dia seguinte. Bom, a parte de dormir a noite inteira eu bem que gostaria (muito! ). Mas te negar meu colo? Jamais! Nem hoje nem nunca. É seu, minha filha, este colo que tanto esperou para ser de alguém. Durma o tempo que for necessário, adormeça em meus braços sempre. Sentir sua respiração ficar mais calma, seu corpo relaxar, seus olhos cerrarem até engatar num sonho bom. É pra isso que vivi até hoje. É pra viver tudo isso que quis tanto ser mãe. Criação com apego é pouco. Aqui é criação com grude mesmo.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Um anjo, meu anjo

01:00 1
Um anjo, meu anjo
Uma menina de uns 8 anos me perguntou o que estava escrito na minha tatuagem. 'Francisco', respondi. 'E quem é Francisco'? Pensei bem e não podia falar: meu filho que morreu. Ou simplesmente meu filho, porque ela ia perguntar onde estava, que idade tinha. Complicado. Falei que era um anjo. Ela perguntou: é o Papa Francisco? Rssss. Respondi que era outro. Aí ela falou: 'já sei. É um anjo só seu, o seu anjo da guarda. Isso mesmo, criança. É um anjo só meu. Acertou ♡

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Venha e me mate de rir

19:30 0
Venha e me mate de rir

Para 2016, eu tenho dois projetos engavetados que não consegui executar em 2015. Eu tenho o medo de dirigir para vencer. Eu vou voltar a dançar. Eu tenho que decidir se minha filha vai entrar para a escolinha em fevereiro ou apenas no meio do ano. Eu tenho que arrumar os armários e gavetas (como sempre). Eu tenho que perder dois quilos (como toda mulher). Eu tenho que encontrar mais meus amigos e beber mais cerveja com eles. Os planos sempre existem...
Mas em 2016, o que mais quero são surpresas. Surpresas boas, claro, que de tragédia minha vida já não cabe mais. Quero receber mensagens animadoras, quero ser convidada para trabalhos desafiadores, quero ser surpreendida no meio da tarde com um convite irrecusável. Quero ser pega no susto e não conseguir inventar uma desculpa. Quero mudar de direção no meio do caminho, perder o fôlego, a hora, os pudores, os sapatos. Quero voar sem rota.
Que 2016 seja bom, mas que seja moleque. Sem muita seriedade. Que seja arteiro e me faça rir. Venha, 2016, me surpreenda. Estou pronta!

domingo, 6 de dezembro de 2015

A decepção da estrelinha

23:46 0
A decepção da estrelinha

Ser mãe me mostrou que sou mais forte do que pensava. Mas me mostrou que sou ainda mais fraca do que eu supunha. Diante da complexidade deste mundo, me sinto um nada. Como poderei impedir que minha filha conheça a crueldade humana em suas mais variadas formas? Como privar da dor? Ontem, fomos ver as luzes de Natal na Praça da Liberdade. Ela é apaixonada com estrelas e na aula de música, quando termina, a professora dá uma estrelinha e canta a clássica "Brilha, brilha, estrelinha" e finaliza com uma música que dá tchau para os bebês. Como ela não sabe dizer estrela, chama de "tchau", pela analogia à música. 

Pois bem, fomos jantar e ela ainda encantada com as luzes, viu no restaurante um refletor de luz verde. Eu ali do lado, ela foi mais rápido e colocou a mão. Se queimou. Chorou muito. Imediatamente começou a dizer entre soluços "tchau, tchau, mão, mão". Achou que a estrela havia machucado sua mão. Consolei e, ainda bem, não foi nada grave. Só que agora, 24 horas depois, ela assistindo televisão viu uma estrela e imediatamente começou a dizer muito sentida "tchau, tchau, mão, mão". Ai, que dozinha. Ficou na lembrança que a estrelinha que ela tanto ama também machuca....