Vacinação febre amarela: tire suas dúvidas - EU CURTO SER MÃE

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Vacinação febre amarela: tire suas dúvidas


A febre amarela é uma doença infecciosa grave, causada por vírus e transmitida por vetores. Geralmente, quem contrai este vírus não chega a apresentar sintomas ou os mesmos são muito fracos. As primeiras manifestações da doença são repentinas: febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça, dor muscular, náuseas e vômitos por cerca de três dias. 

Por causa do aumento dos casos da doença, cidades mineiras estão intensificando a vacinação, que é a maneira mais eficaz para se proteger da doença. O Ministério da Saúde mudou a estratégia de vacinação contra a febre, seguindo as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Com isso, a dose única foi adotada e há muitas dúvidas sobre a imunização. 
Luisane Vieira, médica patologista clínica e diretora técnica do laboratório Geraldo Lustosa deu uma entrevista para o blog Eu Curto Ser Mãe ajudando a entender as principais questões. Veja:

Por que houve mudança na indicação de dose única, no lugar do reforço a cada 10anos? 
A vacina contra Febre Amarela é uma vacina que garante uma eficácia alta de imunização, superior a 90%.  A mudança para dose única se originou de novos estudos mostrando que uma única dose pode conferir proteção duradoura. A OMS já havia determinado uma dose única por toda vida, mas só em abril de 2017 o Ministério da Saúde acatou a recomendação. 

E no caso de crianças, que deveriam ser vacinas aos 9 meses com reforço aos 4 anos, houve mudança? 
Sim, a mudança foi uma consequência da determinação de que uma dose é o suficiente para garantir proteção por toda a vida.

A dose fracionada é eficaz?   Qual a validade? 
A vacina produzida pela Fiocruz contém normalmente 20 a 50 vezes mais  vírus do que o mínimo recomendado. A dose fracionada (0,1 mL) é equivalente a um quinto da dose da vacina integral (0,5 mL).  Ela seria capaz de oferecer proteção por até 8 anos, sendo necessário um reforço ao término desse período, com os dados dos estudos que se dispõe no momento.

O cartão de vacina deve registrar qual tipo de vacina foi aplicada (integral ou fracionada). O Governo vai usar a dose fracionada para ter mais capacidade de conter o surto atual, uma vez que, para que isso ocorra, a cobertura vacinal (total de pessoas imunizadas) deve ser superior a 95% da população. 

Em crianças com 9 meses até dois anos de idade, gestantes em área de risco e para viajantes a dose indicada, contudo, é a dose integral, pois não foram feitos estudos com dose fracionada nestes grupos.

Quem teve a febre amarela é considerado imunizado e quem tiver esquecido
se tomou a vacina ou não tiver o cartão, pode ser vacinado se não pertencer a um grupo não recomendado.

Mulheres grávidas podem se vacinar? 
Não há casos descritos de Febre Amarela congênita, mas, por precaução, somente as que estiverem em áreas consideradas de risco e mediante prescrição médica.

E as que estão amamentando? 
Mulheres que estiverem amamentando e o bebê e ainda não receberam a vacina, devem avaliar com seu médico sobre o risco/benefício, pois, após a vacinação, a amamentação deverá ser suspensa por pelo menos 10 dias em caso de bebês com idade inferior a 9 meses, não vacinado.

Existe algum outro tipo de vacina para quem tem intolerância alimentar ou alergia à proteína do ovo? 
Ainda não existe, mas estão sendo feitas pesquisas neste sentido. Intolerância alimentar não impede, apenas alergia a ovo ou seus componentes. Não, não existe. Para a produção da vacina contra a febre amarela, que usa vírus vivo atenuado, há sucessivas passagens do vírus em ovos, para que enfraqueça. Por isto, pessoas sabidamente alérgicas a ovos não devem receber a vacina. 
E, justamente por ser uma vacina que utiliza vírus vivo (atenuado), pessoascom imunodeficiência não devem receber a vacina. Neste grupo estão as pessoas com HIV, lúpus, as que usam corticoides ou transplantadas e que fazem quimioterapia. A segurança da vacina também não foi estudada em pessoas acima de 60 anos. Mas idosos com saúde boa e que moram em áreas de risco podem ter indicação para se vacinarem, mediante avaliação médica.

Pode adiantar a vacina no caso de menores de 9 meses? 
Bebês até seis meses de idade não podem ser vacinados. Entre seis e nove meses, prevalecem a avaliação do risco e a prescrição médica. É importante destacar, porém, que a vacina que foi tomada por essa criança deve ser desconsiderada quando ela completar nove meses e a criança ser vacinada novamente. Isso porque antes dos nove meses o bebê não tem maturidade imunológica que garanta a eficácia da vacina de febre amarela. A segunda
dose passa, então, a ser considerada como dose única. 

Como proteger quem não foi vacinado (no caso de bebês ou gestantes)? Qualquer repelente é eficaz?
Quem mora em áreas de matas ou afetadas pela febre silvestre e não pode se vacinar, deve telar as casas e usar mosquiteiros, usar calças compridas e roupas de mangas longas e de boa cobertura da pele, e usar repelente nas áreas expostas, sempre por cima do filtro solar. Não usar produtos que misturam repelentes e filtro solar e nem perfumes. Há estudos que mostram que os repelentes contendo icaridina teriam ação mais prolongada, sendo esse mais recomendado pela OMS. Mas a proteção duraria no máximo umas duas horas e se perde com o suor e ao entrar na água. Os repelentes são uma
medida auxiliar, não são capazes de evitar as picadas completamente. A melhor proteção para quem não pode se vacinar é não se expor a picadas de mosquitos. Nesta época do ano, em Minas Gerais, é muito comum a busca por cachoeiras e sítios, mas a prevenção das picadas de mosquitos é difícil de garantir completamente. Quem não foi vacinado deve evitar esses locais no momento, se for possível. Lembrando que avacina demora pelo menos dez dias para iniciar sua eficácia.

Qual a diferença entre a febre amarela urbana e silvestre? 
- A Febre Amarela urbana já foi endêmica no Brasil no início do século XX e foi combatida pelo trabalho do Dr. Oswaldo Cruz, eliminando totalmente os focos de mosquito no Rio de Janeiro e em outras cidades.  Em 1942 foi registrado o último caso de transmissão urbana, no Acre. Mas, com a infestação das cidades por Aedes aegypt, que pode transmitir o vírus da Febre Amarela, e com a grande mobilidade da população entre áreas silvestres e áreas urbanas, teme-se a volta da Febre Amarela urbana. Principalmente onde a população não estiver coberta adequadamente pela vacina. Mas, do ponto de vista médico, a Febre Amarela silvestre e a urbana são a mesma doença, causada pelo mesmo vírus amarílico, e preveníveis da mesma forma, a vacina.

O macaco transmite febre amarela? Ela é passada entre humanos? 
A Febre Amarela silvestre acomete macacos, principalmente, e é transmitida entre eles por mosquitos de outras espécies que não o Aedes (mosquitos Haemagogus e Sabethes). O homem não vacinado que visita o ambiente onde ocorre a forma silvestre pode ser picado acidentalmente e adquirir a infecção. Por isto não devemos matar os macacos, pelo contrário. Além de servirem de alimento natural para os mosquitos, a morte de
macacos serve como sentinela das áreas afetadas por Febre Amarela.  Não ocorre transmissão direta por contato com macacos doentes ou entre pessoas sãs e pessoas com o vírus. É preciso que um mosquito vetor pique um animal ou pessoa doente com o vírus e, em seguida, pique uma pessoa suscetível. O mosquito infectado transmite por seis a oito semanas.

Quais são as reações à vacina? 
As reações comuns da vacina são no dor local da aplicação, febre baixa, dor no corpo e dor de cabeça. São mais comum entre o quinto e o décimo dias. Qualquer reação após a vacinação deve ser informada ao serviço que a aplicou, para que possa ser feita a relação correta entre a vacina e os sintomas e para que haja notificação às autoridades, se  apropriado.


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