Trecho retirado do livro "Enquanto o sono não vem" |
Vocês estão acompanhando a polêmica a respeito do livro "Enquanto o sono não vem" que, em um dos seus contos, traz a história de um pai que quer se casar com a filha? Ele é distribuído pelo MEC e destinado a alunos do primeiro ao terceiro ano, entre 6 e 8 anos.
No conto “A triste história de Eredegalda” , o rei escolhe a filha mais bela e a pede em casamento, enquanto a mãe seria criada dos dois. A menina rejeita a proposta e ele a aprisiona, tortura deixando sem água e dando apenas carne salgada. Por fim, a pobre criança aceita se casar, mas acaba morrendo antes disso.
A pedofilia é uma triste realidade e, muitas vezes, os pais, que deveriam proteger os filhos, os criminosos a cometer o abuso. Acredito que o assunto possa ser debatido entre crianças, até mesmo como forma de prevenção. Mas ao que me parece, o conto não traz uma proposta reflexiva. Meu medo é a normalização do assédio dentro da cabecinha das crianças. O pai abusa, tortura, a mãe e as irmãs, acuadas, não ajudam a menina. E a morte é o triste fim desta história que é pura tragédia.
Especialista divergem sobre o tema
As prefeituras de Vitória, Serra e de Cariacica, no Espírito Santo, retiraram os livros das salas de aula. O autor, José Mario Brant, se diz surpreendido com as reclamações dos professores . Ele alega que conta a história há 25 anos e que o livro já foi publicado há mais de 15 anos.
“Quando o contador sabe mediar a história, ela ganha outro aspecto. Há pouca capacitação em mediação. As pessoas acham que o material literário é o mesmo que didatico, mas o literário é arte. Falta a capacidade de respeitar o universo dos contos e apresentá-los na hora certa ao público certo”, afirmou.
A obra, da Editora Rocco, está no Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) e, segundo o Ministério da Educação, o processo de seleção e avaliação, realizado e publicado em 2014, está sendo revisto. A UFMG, que analisou as obras do PNAIC, disse que a polêmica "trata-se de um julgamento indevido construído por leitura equivocada".
O titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Lorenzo Pazolini, no entanto, afirma que a abordagem surpreende negativamente e não deve ser levada a crianças. “Muitas dessas viveram ou presenciaram cenas de abuso. E reviver isso dentro da sala de aula traz um sofrimento com consequências dentro e fora da sala. É claro que é um conto, mas a mente de uma criança é vasta”, ressalta.
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