Francisco, 4 dias de nascido, no colinho da Titia Nane |
Conheço poucas mulheres que
não sonham com a maternidade. A maior parte, que convive comigo, sonha,
idealiza, planeja e romantiza a situação. Eu me enquadro no tipo que romantizou
muito esse tão sonhado momento e, logo no início do pós-parto, fiz
questionamentos da falta de preparação para me tornar mãe. Isso mesmo. A gente
nunca está preparada e as pessoas evitam nos contar a realidade.
Hoje, quando posso e sinto
abertura de falar com uma nova mamãe, tento ao máximo explicar o quanto ela vai
precisar ser forte. Não tive depressão, mas vivi um momento de muita melancolia
após o parto. Eu não aceitava viver aquilo, pois sonhei e lutei muito pela vida
de Francisco, entretanto, a queda hormonal, o cansaço, o medo... Tudo colaborou
para os 10 dias de choro intenso, escondido, envergonhado. Assim como a maioria
das novas mães, me senti confusa. Como poderia sentir tristeza após um
acontecimento tão lindo e feliz na minha vida? Tudo era muito confuso, eu sabia
que não era tristeza, sabia que não era rejeição. O amor por Francisco só
crescia em meio aquele turbilhão de pensamentos loucos. Foi aí que descobri o
famoso Baby Blues.
Mas o que causa esse bicho
tão assustador? De acordo com um site “queridinho” das mães – o Baby Center – o Baby Blues ou Blues Puerperal pode estar
ligado às mudanças hormonais que acontecem na primeira semana depois do parto
e, à medida que seu organismo começa a produzir o leite materno, os hormônios
vão se estabilizando.
O
Baby Blues faz a gente se sentir triste,
incapaz. Faz a gente temer e pensar que a angústia nunca vai passar. Eu olhava
para o meu filho e sentia amor, paixão por cada lindo traço daquele pequeno
rostinho, mas ao mesmo tempo acreditava que jamais seria feliz novamente. Então
me culpava e pedia perdão aos céus por ser “uma mãe tão fraca”.
Com
o passar dos dias, percebi que as coisas começaram a entrar em ordem. Recebemos tanto amor da minha família que a tristeza
deu vez à tranquilidade de saber que tudo aquilo era apenas um período de
adaptação do corpo, da mente e da rotina. Eu, que muitas vezes, apontei o dedo
para mães que relatavam essa “depressão”, pude enfim entender que não é uma
escolha e me perdoei.
Durante
esse início na vida materna, também compreendi o poder de um abraço, de um
olhar. Entendi a grandiosidade de um colo para o bebê. Percebi quão gigante é o
amor de uma tia que socorre o sobrinho na madrugada. Que senta numa poltrona e
segura aquele serzinho indefeso enquanto a irmã descansa por meia hora.
O
Baby Blues me mostrou que não sou a
fortaleza que imaginei um dia. Mostrou que meu corpo tem seus limites. Me fez
humana e frágil. Mas acima de tudo, esse período trouxe a certeza do quanto eu
e Francisco somos amados.
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