Chegada e partida - EU CURTO SER MÃE

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Chegada e partida


A Cássia Prímola dividiu conosco sua história de maternidade. Pouco tempo após o momento mais feliz de sua vida, com o nascimento do pequeno Ivan, sua mãe faleceu. Ela teve que vivenciar sentimentos tão fortes e tão contraditórios. 

Se você também quer compartilhar sua história, contar algum caso ou dar uma dica, envie para eucurtosermae@gmail.com que irei publicar com prazer 


Sempre quis ser mãe, acreditava ser da minha natureza gerar e criar filhos. Quando eu e Érico decidimos que era chegado o tempo, nos preparamos, fiz os exames necessários e tudo estava ok. Sempre conversávamos sobre os possíveis nomes para menino e menina. No nosso pensamento e coração já estávamos em gestação. Do tempo que decidimos até o ‘positivo’ foram 1 ano e 3 meses. Em abril de 2015 engravidei...que emoção maravilhosa, transbordei em lágrimas de alegria, um sonho se tornando realidade. 

Tive uma gestação maravilhosa, acompanhada pela Drª Angela (ginecologista e obstetrícia) e Dr José Tácio (ultrassons).  Vivi meses cheia de amor e com uma sensação de plenitude. Para os dias de ultrassom, fizemos caravana e tivemos a presença dos avós, tia Tina, papai. Comecei a escrever para o Ivan os registros da gravidez, os momentos que vivíamos, as mudanças. E vivemos intensamente: “ouvir as batidas do coração, localizar as pernas, braços, descobrir o sexo, desenvolvimento e crescimento etc”

Reformamos o apartamento, fizemos o chá de fraldas, arrumamos o quarto e em 04/01/2016 Ivan nasceu! Como descrever o nascimento? Até hoje não encontro palavras, mas com certeza foi o momento mais marcante da minha vida.

Os primeiros dias foram um mix de emoções e adaptações. Ficamos no hospital até dia 07/01. A primeira visita foi da minha mãe (Margarida, Dadá, flor minha flor) e da tia Tina, registrada na foto. Hoje recordando até parece que minha mãe tinha pressa em ver, pegar e aproveitar o netinho mais novo.  Ivan recebeu muitas visitas...

Então no dia 22/01, 18 dias depois que Ivan nasceu, minha mãe infartou. Quando soube da notícia estava amamentando o Ivan e o Érico estava chegando em casa. Meu mundo desabafou.

A amamentação, que já era um processo delicado, pois tive que complementar, ficou ainda mais desafiador. Ainda assim não desisti e insisti até o Ivan não aceitar mais aos dois meses. Foi muito frustrante, ainda é, pois planejei amamentação exclusiva pelos 6 primeiros meses em livre demanda.

Minha mãe foi hospitalizada, chegou a receber alta, ficou um fim de semana na casa da minha irmã, onde Érico registrou esse momento lindo da vó com o neto, repleto de amor e significado. Porém ela precisou voltar para o CTI, o estado agravou. Com o Ivan recém-nascido não conseguia visitá-la com frequência, ela não conseguiu recuperar e no dia 12/03/2016 faleceu. Ah vida, por que tem que ser assim? Que sensação horrível, avassaladora. No dia 11 consegui rapidamente ir ao hospital e nem sabia que era a despedida. Algo dentro de mim foi arrancado e estava vivendo dois momentos opostos: nascimento do filho – morte da mãe. Não pude vivenciar o luto como precisava e nem a felicidade do nascimento do filho como desejava.

Dias muito difíceis, mas quem disse que a vida dá uma pausa? Questionei, entristeci, revoltei e ao mesmo tempo tinha uma vida que dependia totalmente dos meus cuidados, mas eu é quem estava precisando de cuidados. Não sabia o que era a minha vida sem minha mãe. Ela que viveu para o lar, pela família que dedicou a vida por nós. Com ela e meu pai aprendi a importância da fé e da religiosidade e sei que até o último momento de vida, ela rezou por todos que conheceu. Aprendi com ela a simplicidade, o ‘fazer o bem, sem olhar a quem...’

Já são 7 meses sem a presença física da minha mãe. Vivi o dia das mães, o aniversário dela, meu aniversário. Sinto tanta falta dela, como gostaria que ela acompanhasse o desenvolvimento do Ivan, de compartilhar as descobertas, de tirar dúvidas, buscar conselhos e dicas, de rezar por mim e me acolher. A saudade e o amor são eternos.
Ivan está cada dia mais esperto, cheio de energia e vida. Encantado com as descobertas e curioso com o mundo, tudo é possibilidade e encantamento. Está querendo andar, com 9 meses.

E ao me ver na pureza do seu olhar, dos seus sorrisos, da confiança absoluta, ele foi meu companheiro no momento mais difícil e é por ele, pela presença e presente diário que vou vivendo agradecida por ser sua mãe.

Vou tocando em frente, uns dias bons outros nem tanto. Sabia que a minha vida mudaria completamente com a chegada do Ivan, mas jamais imaginei que também seria a partida da minha mãe.



3 comentários:

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  2. Tive o privilégio de conviver com Cássia durante alguns meses da minha vida!! Pessoa de amor, carisma, fé!!! Agradeço a Deus por ter me dado este presente! Não conheci Dadá, mas pela filha tenho certeza da grande pessoa que foi!
    Convivi com Cássia desde a programação até o início da sua gravidez e sua alegria era realmente contagiante! Érico, um marido exemplar!! Família linda e abençoada!!!!! Lágrimas rolaram com misturas de sentimentos ao ler este texto!! Obrigada Cássia, por fazer parte da minha vida!! Beijos com o coração apertado de saudades!!!!!

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  3. Solange Mendes em 25.10.2016
    Cassia, sei o quanto foi difícil pra você viver essas duas emoções ao mesmo tempo; mas sei também da sua força, da presença amiga e companheira do Érico, e da pureza e beleza do Ivan te chamando pra esta nova vida. Abraço carinhoso !!!

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