a atenção para as crianças é desafio. Não pode haver desperdício de vida maior do um adulto se dedicando a trocar fraldas, fazer bolhas de sabão, observar borboletas, correr descalço na grama, pensam.
O que essa mesma sociedade não dimensiona é a importância dessa dedicação para a formação dos seres humanos. “Os primeiros anos são como construir a estrutura de uma casa. Você constrói a estrutura sobre a qual todo o resto se desenvolverá”, Charles A. Nelson III, pediatra Harvard Medical School e Boston Children’s Hospital
Mostrando o impacto dos acontecimentos na chamada primeira infância (da gestação até os seis anos), o documentário "O Começo da Vida! levanta o debate sobre o que se dedica e o que se negligencia na vida das crianças. Dirigido por Estela Renner, o documentário levou dois anos para ser filmado em nove países (Brasil, EUA, Itália, China, Índia, Canadá, Argentina, Quênia e França), mostrando crianças e suas famílias de diferentes etnias, culturas e classes sociais. Com depoimentos de especialistas renomados, mães e pais, o documentário mostra o impacto da infância para a formação de adultos melhores e um mundo mais justo e igualitário.
Eu, particularmente, me senti abraçada ao assistir o filme. Como contei aqui, não tive coragem de voltar ao meu emprego quando a licença maternidade acabou. E essa decisão foi tomada depois de conhecer algumas dessas teorias retratadas no documentário. Eu realmente tomei este rumo por acreditar que a formação de minha filha dependia de minha proximidade. Eu continue trabalhando, mas reduzi meu ritmo e passei a fazer minhas atividades jornalísticas de forma autônoma, tendo assim todos os bônus e ônus. Ouvi muitas críticas na época e, ainda hoje, há que me qualifique como "aquela que não trabalhe", embora eu jamais tenha deixado de trabalhar.
Em um dos depoimentos dos especialistas, um trecho que considero especial. O vencedor do prêmio Nobel de Economia (2000), James Heckman, cita uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, que afirma que a cada dólar investido em uma criança, sete dólares são ganhos no futuro. “Cuidar bem dos nossos bebês é o maior investimento que se pode fazer na humanidade”, conclui o economista.
O debate proposto pelo longa aborda também assuntos como alimentação, empatia, criatividade, imaginação, laços afetivos, divisão de responsabilidades entre mãe e pai e o impacto dessas experiências para a criança. Das diferentes famílias mostradas, há a preocupação de retratar contextos . O documentário mostra famílias nos mais diferentes contextos, como a da modelo Gisele Bündchen, a da mãe que tem 12 filhos e a de Phula, uma menina indiana que cuida sozinha dos irmãos e garante não ter mais sonhos (momento muito comovente).
O filme está disponível no Netflix e vale a pena para quem é mãe, pai, pretende ser, é tio, tia, avós, educadores. É um filme para refletir sobre a infância e o nosso papel na formação da sociedade.
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