"Não há adulto na prisão porque os pais deram afeto demais", disse o renomado pediatra espanhol Carlos Gonzalez, autor de oito livros e atuante na profissão há 25 anos. Na contramão de algumas correntes de criação que pregam a rigidez e a independência, o especialista defende o acolhimento da criança sempre e sem restrição.
É difícil analisar e , principalmente, julgar pais que optam por determinadas linhas. A intenção desta coluna não é esta. Acredito que há ótimas intenções em todos os formatos de criação. No entanto, defendo um tipo de criação que, sim, estabelece rotinas e limites, mas que, acima de tudo, oferta amor em livre demanda.
Não concordo que um bebê deva ser deixado chorando nem por um segundo. O choro é o único meio de comunicação que este pequeno ser tem. É assim que ele se expressa. Por meio do choro, ele demonstra insatisfação, dor, desconforto, fome, sono, carência. Dar colo não “estraga” o bebê. Deixar que ele chore sozinho em busca de afago e consolo é o que ‘estragará’ a criança. Isso irá gerar insegurança e sentimentos que podem desestabilizar toda a vida de uma pessoa.
“Se você carrega seu filho em seus braços, vão dizer: "assim ele nunca vai querer andar", mas, se você levar em um carrinho de bebê, ninguém lhe diz isso. É que nenhuma criança vai se acostumar com o carrinho? Claro que não. Nenhuma criança se acostuma nem com o carrinho nem com os braços. Não acho que as crianças são seres do mal, à espreita nas sombras, sempre à espera de uma oportunidade para "manipular" os pais. As crianças nos amam e precisam de nós”, disse Gonzalez. E esse é o ponto para reflexão.
Há uma urgência em nossa sociedade para cobrar que nossos pequenos alcancem metas que muitos de nós ainda hoje não somos capazes. Quem não precisa de um aconchego? E por que negar isso a um ser em formação? A independência vem da confiança de que os pais sempre estarão prontos a estender os braços. Pode apostar.
* Minha coluna publicada na revista Kids e Festas
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