A Cássia Prímola dividiu conosco sua história de maternidade. Pouco tempo após o momento mais feliz de sua vida, com o nascimento do pequeno Ivan, sua mãe faleceu. Ela teve que vivenciar sentimentos tão fortes e tão contraditórios.
Se você também quer compartilhar sua história, contar algum caso ou dar uma dica, envie para eucurtosermae@gmail.com que irei publicar com prazer
Sempre quis ser mãe, acreditava
ser da minha natureza gerar e criar filhos. Quando eu e Érico decidimos que era
chegado o tempo, nos preparamos, fiz os exames necessários e tudo estava ok.
Sempre conversávamos sobre os possíveis nomes para menino e menina. No nosso
pensamento e coração já estávamos em gestação. Do tempo que decidimos até o
‘positivo’ foram 1 ano e 3 meses. Em abril de 2015 engravidei...que emoção
maravilhosa, transbordei em lágrimas de alegria, um sonho se tornando
realidade.
Tive uma gestação maravilhosa, acompanhada pela Drª Angela
(ginecologista e obstetrícia) e Dr José Tácio (ultrassons). Vivi meses cheia de amor e com uma sensação
de plenitude. Para os dias de ultrassom, fizemos caravana e tivemos a presença
dos avós, tia Tina, papai. Comecei a escrever para o Ivan os registros da
gravidez, os momentos que vivíamos, as mudanças. E vivemos intensamente: “ouvir
as batidas do coração, localizar as pernas, braços, descobrir o sexo,
desenvolvimento e crescimento etc”
Reformamos o apartamento, fizemos
o chá de fraldas, arrumamos o quarto e em 04/01/2016 Ivan nasceu! Como descrever o nascimento? Até
hoje não encontro palavras, mas com certeza foi o momento mais marcante da
minha vida.
Os primeiros dias foram um mix de
emoções e adaptações. Ficamos no hospital até dia 07/01. A primeira visita foi
da minha mãe (Margarida, Dadá, flor minha flor) e da tia Tina, registrada na
foto. Hoje recordando até parece que minha mãe tinha pressa em ver, pegar e
aproveitar o netinho mais novo. Ivan
recebeu muitas visitas...
Então no dia 22/01, 18 dias
depois que Ivan nasceu, minha mãe infartou. Quando soube da notícia estava
amamentando o Ivan e o Érico estava chegando em casa. Meu mundo desabafou.
A amamentação, que já era um
processo delicado, pois tive que complementar, ficou ainda mais desafiador.
Ainda assim não desisti e insisti até o Ivan não aceitar mais aos dois meses.
Foi muito frustrante, ainda é, pois planejei amamentação exclusiva pelos 6
primeiros meses em livre demanda.
Minha mãe foi hospitalizada,
chegou a receber alta, ficou um fim de semana na casa da minha irmã, onde Érico
registrou esse momento lindo da vó com o neto, repleto de amor e significado.
Porém ela precisou voltar para o CTI, o estado agravou. Com o Ivan
recém-nascido não conseguia visitá-la com frequência, ela não conseguiu recuperar
e no dia 12/03/2016 faleceu. Ah vida, por que tem que ser assim? Que sensação
horrível, avassaladora. No dia 11 consegui rapidamente ir ao hospital e nem sabia
que era a despedida. Algo dentro de mim foi arrancado e
estava vivendo dois momentos opostos: nascimento do filho – morte da mãe. Não
pude vivenciar o luto como precisava e nem a felicidade do nascimento do filho
como desejava.
Dias muito difíceis, mas quem
disse que a vida dá uma pausa? Questionei, entristeci, revoltei e ao mesmo
tempo tinha uma vida que dependia totalmente dos meus cuidados, mas eu é quem
estava precisando de cuidados. Não sabia o que era a minha vida sem minha mãe.
Ela que viveu para o lar, pela família que dedicou a vida por nós. Com ela e
meu pai aprendi a importância da fé e da religiosidade e sei que até o último
momento de vida, ela rezou por todos que conheceu. Aprendi com ela a
simplicidade, o ‘fazer o bem, sem olhar a quem...’
Já são 7 meses sem a presença
física da minha mãe. Vivi o dia das mães, o aniversário dela, meu aniversário.
Sinto tanta falta dela, como gostaria que ela acompanhasse o desenvolvimento do
Ivan, de compartilhar as descobertas, de tirar dúvidas, buscar conselhos e
dicas, de rezar por mim e me acolher. A saudade e o amor são eternos.
Ivan está cada dia mais esperto,
cheio de energia e vida. Encantado com as descobertas e curioso com o mundo,
tudo é possibilidade e encantamento. Está querendo andar, com 9 meses.
E ao me ver na pureza do seu
olhar, dos seus sorrisos, da confiança absoluta, ele foi meu companheiro no
momento mais difícil e é por ele, pela presença e presente diário que vou
vivendo agradecida por ser sua mãe.
Vou tocando em frente, uns dias
bons outros nem tanto. Sabia que a minha vida mudaria completamente com a
chegada do Ivan, mas jamais imaginei que também seria a partida da minha mãe.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirTive o privilégio de conviver com Cássia durante alguns meses da minha vida!! Pessoa de amor, carisma, fé!!! Agradeço a Deus por ter me dado este presente! Não conheci Dadá, mas pela filha tenho certeza da grande pessoa que foi!
ResponderExcluirConvivi com Cássia desde a programação até o início da sua gravidez e sua alegria era realmente contagiante! Érico, um marido exemplar!! Família linda e abençoada!!!!! Lágrimas rolaram com misturas de sentimentos ao ler este texto!! Obrigada Cássia, por fazer parte da minha vida!! Beijos com o coração apertado de saudades!!!!!
Solange Mendes em 25.10.2016
ResponderExcluirCassia, sei o quanto foi difícil pra você viver essas duas emoções ao mesmo tempo; mas sei também da sua força, da presença amiga e companheira do Érico, e da pureza e beleza do Ivan te chamando pra esta nova vida. Abraço carinhoso !!!