No dia em que você foi embora... - EU CURTO SER MÃE

quinta-feira, 11 de junho de 2015

No dia em que você foi embora...

Chegou o dia 11/06. A temida data. Dois anos de morte do meu filho. Na verdade, não faz muita diferença que seja este ou outro dia qualquer. Todos os dias sem ele têm sabor de ausência. Sinto e sentirei sua falta até o meu último suspiro. Sinto saudades do que não vivi. Morro de angústia pensando nos "e se". Me revolto por sua morte estúpida e cruel. Uma mãe não se acostuma com a morte de um filho. Ninguém é forte a esse ponto. E a palavra superação me parece inadequada, visto que é impossível superar algo tão incompreensível. 

Nesses dois anos, porém, aprendi a me levantar da cama. Aprendi a sair da depressão na qual eu queria me enterrar. Aprendi a ouvir as explicações das pessoas diante do inexplicável e a me calar, para não render o assunto. Aprendi a conviver com o luto eterno e tenho consciência de que vez ou outra a tristeza vai me abraçar e que eu preciso deixar esse sentimento vir à tona quando for necessário para poder, assim que possível, retomar a vida.
É bem verdade que o que me sustenta é minha outra filha. É ela que me devolveu o sorriso e é por ela que luto diariamente para não pensar no horror dos momentos que vivi ao descobrir que Francisco estava morto. 


Dentro de mim, um turbilhão de sentimentos trafega. Ninguém sai do mesmo jeito de uma tragédia. Eu não saí. Fiquei um pouco louca, um tanto seletiva e passei a aproveitar cada milésimo de segundo do que me faz bem. Eu já não sou a mesma. Estruturas que eu considerava sólidas se desfizeram. Revi minhas crenças e minhas prioridades. Refiz a minha vida. Eu não sobrevivi a tanta dor. Não. Eu morri e renasci outra no dia que Iolanda veio ao meu colo. Renasci aleijada. Esburacada. Manca. E hoje tento seguir adiante.


Saudades, Francisco. Amor inesgotável. Sentimento ferido, solitário, esmigalhado. Sou mãe de um anjo. E isso não me consola. Me amargura. Quando me perguntam se tenho só Iolanda, me queima por dentro. Não! Tenho dois filhos. Francisco e Iolanda. Se houver em algum lugar algo além do que vejo, que meu sentimento ultrapasse as barreiras do visível e eu possa por um segundo segurar meu filho nos braços. O colo que não te dei, Francisco.


4 comentários:

  1. Me emociono com seu texto. E com o q vivi, que passou bem longe da sua triste história. Por que não senti meu filho mexendo como vc... meu bebê se foi com 5 semanas... tinha o tamanho da unha do menor dedo da minha mão... E a trombofilia me tirou meu pequeno... E ainda mês passado, fiquei mal por uns dias, pois, se meu bebê tivesse nascido, estaria completando um aninho... Pelo menos agora sei que sou portadora de mutação em gene (fator V de Leiden) e que a nova Fiv que farei no próximo mês será cercada dos cuidados necessários. Obrigada pela sua decisão de levantar a bandeira de mais responsabilidade no diagnóstico, porque fui eu mesma, pesquisando na internet, que levantei a possibilidade de ter tal doença, e que, indignada por ouvir dos médicos que eles só investigariam depois de um terceiro aborto, insisti para fazer os exames!
    Elisângela Maceda

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  2. Estou muito emocionada com suas palavras... pra mim a saudade aperta mais quando chega todo dia 30 (dia do nascimento do meu anjo Miguel) e todo dia 06 (dia de sua partida). Nesse mês de outubro meu Miguel estaria com 2 meses...

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  3. Estou muito emocionada com suas palavras... pra mim a saudade aperta mais quando chega todo dia 30 (dia do nascimento do meu anjo Miguel) e todo dia 06 (dia de sua partida). Nesse mês de outubro meu Miguel estaria com 2 meses...

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  4. Estou muito emocionada com suas palavras... pra mim a saudade aperta mais quando chega todo dia 30 (dia do nascimento do meu anjo Miguel) e todo dia 06 (dia de sua partida). Nesse mês de outubro meu Miguel estaria com 2 meses...

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