Mãe em tempo integral - EU CURTO SER MÃE

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Mãe em tempo integral

Quando a licença maternidade está chegando ao fim é comum ver mães se descabelando sobre os rumos que a vida vai tomar. Natural. Por meses, o bebê foi o centro de seu universo,  como deve ser, e deixá-lo com outra pessoa é mesmo um drama.
A licença no Brasil é muito curta. Teoricamente são seis meses, porém o obrigatório são apenas quatro e a maioria das empresas da iniciativa privada não aderiram ao plano de ampliação da licença em troca de benefícios fiscais. Nisso, as mães precisam largar os filho muito cedo. Muito cedo mesmo.

Mesmo que fossem os seis meses, ainda não seria o ideal. Estudos diversos comprovam que os primeiros mil dias da vida de uma criança, os seus dois anos, são cruciais para a formação do caráter e do desenvolvimento emocional.  E o certo seria mesmo um dos pais por conta de sua cria.

Infelizmente,  poucas são as mães que têm oportunidade de ficar com seu bebê integralmente.  São muitos fatores que influenciam na decisão.  E é compreensível que a maioria retorne ao seu lugar no mercado de trabalho e delegue a maior parte do dia de seus filhos à terceiros. 

Porém,  há uma outra parcela, cada vez mais crescente,  que opta por pausar o lado profissional e se dedicar à maternidade.  E eu sou dessas. 

Jornalista por formação,  vocação e paixão, não foi fácil abrir mão de um emprego que me fazia muito feliz. Apertei o pause no salário,  na carreira e na vida independente.  Eu até vou me virar com alguns trabalhos que me exigem menos, mas eu abri mão,  sim, de uma estabilidade.

Nunca ouvi de uma mãe que fez esse caminho que tenha se arrependido.  E acredito que eu também não vá me arrepender. Penso ter tomado a melhor decisão como mãe.
Recebi apoio de muita gente,  mas também fui criticada.  É que a nossa sociedade está preparada para pessoas que largam empregos para fazerem mestrado, estudarem para concursos, abrirem negócios ou mesmo tirar um ano sabático.  Mas ainda não estamos prontos para uma mulher que coloca o seu filho como prioridade máxima e absoluta.  Por quê?  

Tem ainda um mito do "só fica por conta do bb". Bom, se fosse só isso já seria um trabalhão. Quem cuida de neném sabe bem. Mas nunca é só isso. Tem a casa e um milhão de coisas envolvidas, mesmo que exista uma empregada doméstica auxiliando. No meu caso, e no de muitas, ainda se acumulam trabalhos. Porque eu abri mão do trabalho lá na empresa,  cumprindo horário. Mas não abri mão de ser uma jornalista,  jamais, e por isso continuarei colaborando para revistas e jornais como freela. E aí,  companheiro,  é o bebê num braço e o notebook no outro.  

Que nenhuma mãe seja julgada por voltar a trabalhar.  Longe de mim! Eu acho que essas são as verdadeiras corajosas, porque realmente comecei a sentir palpitações ao imaginar Iolanda aos cuidados de qualquer outra pessoa. Não se sintam ofendidas. Não é a intenção.  Mas que as mães que decidem pela criação integral sejam respeitadas.
Nada é definitivo.  O mercado de trabalho continua lá e sempre há uma nova chance.  Mas o crescimento e desenvolvimento do filho não volta jamais. E é isso que motivou,  acima de tudo. Quero ver Lola engatinhar, falar,  andar... tudo em primeira mão.  Não quero boletins informativos sobre ela. Eu quero ser testemunha ocular. 

E que assim seja! Estou feliz com minha decisão. 

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