Quando a licença maternidade está chegando ao fim é comum
ver mães se descabelando sobre os rumos que a vida vai tomar. Natural.
Por meses, o bebê foi o centro de seu universo, como deve ser, e
deixá-lo com outra pessoa é mesmo um drama.
A licença no Brasil é muito curta. Teoricamente são seis
meses, porém o obrigatório são apenas quatro e a maioria das empresas da
iniciativa privada não aderiram ao plano de ampliação da licença em
troca de benefícios fiscais. Nisso, as mães precisam largar os filho
muito cedo. Muito cedo mesmo.
Mesmo que fossem os seis meses, ainda não seria o ideal.
Estudos diversos comprovam que os primeiros mil dias da vida de uma
criança, os seus dois anos, são cruciais para a formação do caráter e do
desenvolvimento emocional. E o certo seria mesmo um dos pais por conta
de sua cria.
Infelizmente, poucas são as mães que têm oportunidade de
ficar com seu bebê integralmente. São muitos fatores que influenciam na
decisão. E é compreensível que a maioria retorne ao seu lugar no
mercado de trabalho e delegue a maior parte do dia de seus filhos à
terceiros.
Porém, há uma outra parcela, cada vez mais crescente, que
opta por pausar o lado profissional e se dedicar à maternidade. E eu
sou dessas.
Jornalista por formação, vocação e paixão, não foi fácil
abrir mão de um emprego que me fazia muito feliz. Apertei o pause no
salário, na carreira e na vida independente. Eu até vou me virar com
alguns trabalhos que me exigem menos, mas eu abri mão, sim, de uma
estabilidade.
Nunca ouvi de uma mãe que fez esse caminho que tenha se
arrependido. E acredito que eu também não vá me arrepender. Penso ter
tomado a melhor decisão como mãe.
Recebi apoio de muita gente, mas também fui criticada. É
que a nossa sociedade está preparada para pessoas que largam empregos
para fazerem mestrado, estudarem para concursos, abrirem negócios ou
mesmo tirar um ano sabático. Mas ainda não estamos prontos para uma
mulher que coloca o seu filho como prioridade máxima e absoluta. Por
quê?
Tem ainda um mito do "só fica por conta do bb". Bom, se
fosse só isso já seria um trabalhão. Quem cuida de neném sabe bem. Mas
nunca é só isso. Tem a casa e um milhão de coisas envolvidas, mesmo que
exista uma empregada doméstica auxiliando. No meu caso, e no de muitas,
ainda se acumulam trabalhos. Porque eu abri mão do trabalho lá na
empresa, cumprindo horário. Mas não abri mão de ser uma jornalista,
jamais, e por isso continuarei colaborando para revistas e jornais como
freela. E aí, companheiro, é o bebê num braço e o notebook no outro.
Que nenhuma mãe seja julgada por voltar a trabalhar. Longe
de mim! Eu acho que essas são as verdadeiras corajosas, porque
realmente comecei a sentir palpitações ao imaginar Iolanda aos cuidados
de qualquer outra pessoa. Não se sintam ofendidas. Não é a intenção.
Mas que as mães que decidem pela criação integral sejam respeitadas.
Nada é definitivo. O mercado de trabalho continua lá e
sempre há uma nova chance. Mas o crescimento e desenvolvimento do filho
não volta jamais. E é isso que motivou, acima de tudo. Quero ver Lola
engatinhar, falar, andar... tudo em primeira mão. Não quero boletins
informativos sobre ela. Eu quero ser testemunha ocular.
E que assim seja! Estou feliz com minha decisão.
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